Após meses longe deste meu cantinho, que tanto me deu, senti uma enorme saudade.
Pus-me a reler textos que escrevi, a pensar na forma como ''empratava'' em palavras todo o reboliço que aqui dentro ia. Percebi que por vezes fui furacão de inconstância e outras tantas arco-íris de emoções. Aliás, ainda o sou (tantas, tantas vezes!). Há coisas que nunca mudam, não importa os anos que passem. Há uma essência intrínseca em cada um de nós, e não há vivencia ou desilusão que a desaloje do que somos.
Estou a escrever e a sorrir. Porque sorrio quando escrevo, mesmo em dias que lágrimas escorrem pelo rosto. Porque a alma sorri quando desabafa, quando solta aquilo que doí - tal como um passarinho que é libertado após anos de enclausura. Aprendi aqui e convosco, que não há nada que liberte mais a alma do que expressar aquilo que nos vai dentro. Que ninguém é perfeito, mas que são as imperfeições que nos tornam seres bonitos e únicos. Aprendi aqui e convosco, que partilhar é um dos caminhos para a auto-descoberta, e que nos perdermos é também uma forma de nos encontrarmos.
Este ano, depois de grandes mudanças na minha vida, senti-me preparada para embarcar num novo projeto. Um projeto meu, que sempre tive medo de tornar real. Em grande parte por duvidar tanto de mim e, por outro lado, pelo receio que o meio que nos rodeia impinge. A maioria das pessoas não lida muito bem com ideias ''fora da caixa'', com a diferença, com fazermos algo que se desvia dos padrões ''gerais'' da sociedade. Por vezes é preciso coragem, e talvez é também por ser necessária tanta coragem, que eu demorei tanto tempo. Mas não é tarde. Amanhã pode ser, mas hoje não.
Quero ser escritora - lembro-me de pensar em pequenina. Ainda não sabia o que a vida me esperava e já me contentava em esquadrinhar o futuro. Escrevia e rasurava em caderninhos, poemas e declarações de amor. Não dizia a ninguém, era um segredo só meu. Em parte, o coração sempre soube que era ''impossível'', que não era ''bom'', que ninguém ia ''perceber''. Os anos foram passando e aquele querer foi se arrastando no tempo, diluindo em tarefas diárias. Claro, continuou a ser um escape do mundo, mas sem sonhares de quereres futuros e outras coisas mais.
Na adolescência lembro-me de ouvir dizer: o que é nosso sempre retorna. A verdade é que nunca entendi muito bem o seu significado até hoje. Até este dia em que coloquei mãos à obra (literalmente) para realizar o sonho daquela pequenina - porque impossivel torna-se possível, basta querer. A menina cresceu, fez-se mulher, e com ela a acompanhou em silencio aquele sincero querer. Não há mal em querer. Há mal sim, em não lutar pelo querer, em fechar os olhos àquilo que nos move, em fugir do que nos faz mais feliz. Até ao dia em que dizes basta. Até ao dia em que relembras que ''o que é nosso sempre retorna'', e decides que hoje é o seu dia de regresso.
Há cerca de uma semana disse CHEGA. Criei o meu cantinho profissional, o meu próprio website, onde pude dar vida a este meu projeto chamado: Ana Soulful. Ana com alma, em português. Ana, o meu nome. Com alma, porque há coisas que nunca mudam (ora ''wild spirit'' não reservasse a essência mais intrinsica de mim).
Senti que devia partilhar isto convosco, porque durante quase 10 anos este pedacinho de mim, também foi vosso. Este lugar onde partilhamos aventuras, tristezas, alegrias, lições de vida, momentos importantes, histórias de amores inigualáveis e outras tantas coisas mais.
Foi uma viagem tão bonita!
Após meses longe deste meu cantinho, senti uma enorme saudade, e percebi que tinha de voltar aqui para vos dizer - para além do que já disse - duas coisas: Até já e obrigada. Até já, porque adeus só se diz ao que vai para longe do coração. Um obrigada, por tudo aquilo que partilhamos juntos.
Até já,
Wild Spirit