domingo, 3 de junho de 2018

Mil e um sonhos não cabem dentro de uma mão


De mãos atadas, de coração vazio, foi essa a semente que a dor plantou. Uma semente que envenena a vida. Uma semente que corrompe a esperança. Então ficas de mãos atadas e de coração vazio, a desejar que o que resta do teu jardim não seja terra, que o que resta do teu corpo não seja matéria, que o que resta da tua alma não seja ar. E sonhas, de mãos atadas, de coração vazio, com o dia em que o que te rodeia se assoberbe com o infinito e que o infinito se empregne naquilo que és, e que aquilo que és irradie a semente que destruiu o teu jardim. 
Então ficas de mãos atadas e de coração vazio, a desejar que o que resta do teu jardim não seja terra, que o que resta do teu corpo não seja matéria, que o que resta da tua alma não seja ar. E dizes que tens o coração vazio e as mãos atadas... Mas coração vazio não sonha - Coração que sonha procura com a alma. E alma que procura é muito mais do que ar. Dizes que tens as mãos atadas mas vejo-te na busca e na ansia, a desejar o universo até aos ossos, a querer agarrar uma infinidade de sonhos. Mas mil e um sonhos não cabem dentro de uma mão.
Então vais, de mãos atadas, de coração aparentemente vazio porque foi essa a semente que a dor plantou. Então vais, buscar aquilo que dará brilho ao teu jardim. E a sonhar mil e um sonhos, porque mil e um sonhos cabem dentro de um coração.

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