terça-feira, 26 de março de 2013

Ele para ela & Ela para ele VIII (ele)



E cá estou eu na paragem sentado, não sei realmente se estou à espera de algum autocarro ou não, não sei sequer para onde ir e se estar aqui faz algum sentido. Mas não fazer sentido para mim tornou-se tão normal como a inconstacia dos últimos dias. Nunca me senti tão em baixo, tão sozinho mas ao mesmo tempo tão diferente. Sinceramente a melhor palavra para me descrever seria confusão. Eu nunca fui assim, nunca sofri por ninguém e nunca soube o significado de saudade, nunca pensei que saudade doesse, que amor fizesse sofrer, que me sentiria tão mal e tão bem ao mesmo tempo, só por querer alguém desta forma. Será de mim?
Continuo aqui, e o silencio é tão perturbador que chego a ouvir os ponteiros do meu relógio a ''tiquetaquear''. Tento não focar-me no som e olho para a rua, está vazia, passa um carro de 5 em 5 minutos, parece um deserto. Onde estará todo o mundo? Em casa certamente, a descansar, com quem amam do seu lado, a sorrir com o sorriso do outro, a rir às gargalhadas, ou a discutir a vida no sofá da sala, ou até quem sabe no meio dos lençóis em conchinha. Meu Deus, era tudo tão mais fácil quando eu era materialista, via amor nas coisas e não nas pessoas. As coisas pelo menos não nos magoam, ouvem-nos, estão lá sempre. O único problema delas é que não nos dão nada em troca, nada ...
Está uma pessoa ao fundo da rua a caminhar nesta direcção, bem bem lá no fundo. Deve ser bastante corajosa para sair num dia destes. O dia está terrível, o céu está nublado, chove a ''rodos'' à horas, e de vez em quando o som da trovoada faz-se soar por entre este clima gélido. Já não via dias assim há algum tempo, talvez seja para combinar comigo, ou talvez nem seja suficiente para isso. Não importa. Acabei de perceber que era uma rapariga, mas não consigo ver-lhe a face, está focada no chão e não desvia o olhar por nenhum momento. Oh parou, está a frente da loja de bolos, que fará ali? Hoje está tudo fechado. Talvez seja só para apreciar... Porque estarei a olhar ainda para ela? Bem, também que mais poderia fazer eu aqui? Vejo-lhe vagamente o perfil, parece-me bonita mas triste. Subitamente fiquei preocupado sem a conhecer. Patetice minha talvez, mas não consegui soltar-me dela. Espera, isto é-me familiar... De súbito ela olhou para cá, os nossos olhares cruzaram-se e por momentos passou-se um flash na minha cabeça ''Estava ela a passar por uma loja de bolos e por fim consegui ver-lhe a cara, perfil bem definido, olhos claros e sardas que lhe ocupavam quase todo o rosto, era bonita.''. Oh, era ela!

4 comentários:

claire disse...

lindo esta isto aqui..

beatrizpereira disse...

está magnifico ..

beatrizpereira disse...

oh, muito obrigada! és um doce :)

Pudim-flan disse...

Aiiiiiii pára! Adoro adoro adoro!