quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ele para ela & Ela para ele IX (ela)


Não consigo acreditar, devo estar a ver mal ou assim. Parece ele, parece mesmo ele. Que faço agora? Vou lá? Fico aqui? Eu vou... Mas e se ele não quer falar comigo? De certeza que me vai ignorar, ou mal apareça o autocarro vai levantar-se e, eu vou ficar ali a vê-lo ir. Oh já estou a sentir a sensação de perda. Não, não quero perde-lo de novo. Vai doer duas vezes, vai realçar este sentimento vago e inexplicável que sinto, que não sei sequer o que é. Não quero. 
Eu preciso dele. Preciso. Mas e se doer de novo? Se calhar devia tentar. De que vale ficar aqui a apanhar chuva a olhar para os bolos? Os bolos não me vão fazer feliz a vida toda, um dia vou cansar-me, vou ter problemas de saúde e não vou poder resolver todos os meus problemas com eles. Um dia o chocolate quente não me vai salvar da mágoa. Vai haver um dia que só me vai salvar do frio, só e apenas do frio. Ele não. Com ele eu podia ser salva a vida toda. Podia curar-me da mágoa só com a doçura dele, aquecer-me com o seu olhar terno e podia até dar-me beijinhos no nariz para a constipação passar. 
Vou lá, eu vou. Meu Deus, estou a caminhar em direcção à paragem e, o som do meu coração a bater mal me deixa ouvir a melodia da chuva. Ele já não está a olhar para cá. Eu disse!! Eu disse que me ia ignorar. Vou continuar, não vou desistir agora, pode ser que tenha sorte. Pode ser...
Sentei-me, estou ao lado dele. Que digo? Vou ter de ser eu a meter conversa? '' Olá, como estas?'. Oh, não será demasiado cliché? Va, 1,2,3...
Chegou o autocarro e ele levantou-se. Não, não, por favor não! Foi então que eu berrei ''Espera!'' quando ele ia a entrar no autocarro. Não se virou, ignorou-me. Fui ignorada. Agora a porta fechou e ele sentou-se à beira da janela e olhou para mim. Entrei em choque, em pânico. Tinha chamado um sujeito que nem sequer conhecia, um sujeito que nunca antes vi. Como não reparei? Como fui capaz de confundir o olhar inconfundível dele? É certo que estava distante mas... Não é desculpa. 
Estou sozinha, de novo sozinha. Sempre estive. Quando é que eu vou aprender que nasci para viver assim? Que nasci para viver apenas para o areal, para o mar e para o sol. Quando vou aprender que nasci para viver par a natureza e não para relacionamentos? Devia meter na cabeça que sou feita para amar a natureza e não para amar pessoas. Culpa minha, da minha mania. Mania de abrir o coração, que pela segunda vez me vai fazer acabar da mesma forma. Sozinha. Em casa sozinha com o chocolate quente. Ah, talvez ele vá mesmo fazer-me companhia até ao resto dos meus dias.

6 comentários:

Ísis disse...

Tens uma imaginação verdadeiramente fantástica

catarina disse...

o meu coração? eu sei pequena, eu já não sei nada, o que sinto ou deixo de sentir, isto arrasta a minha vida para um sitio que nem eu sei o que tem.
é o texto mais simples que tenho no blog, e puro, sem escolha de palavras, foi escrito pelo comando das lágrimas, e dos sorrisos.

disse...

"Estou sozinha, de novo sozinha. Sempre estive. Quando é que eu vou aprender que nasci para viver assim?" escreves tão bem que já não destingo o que é teu do que é ficção...! mas espero que não te sintas sozinha. estamos sempre com alguém, e eu estou contigo:)

flávia disse...

gostei da pureza e criatividade dos teus textos . são remendos dos coração .

Adriana Wildndess disse...

"Podia curar-me da mágoa só com a doçura dele, aquecer-me com o seu olhar terno e podia até dar-me beijinhos no nariz para a constipação passar. " adoroo

catarina disse...

oh sei lá linda s: o é tão complicado :s é mesmo, ele não deve saber o que quer só pode, ele não me deixa ir, mas quando me aproxima depois deixa-me para trás de novo, na ignorância,é sempre assim...eu encho-me de esperanças e depois caiu sempre, cada vez mais fundo.