quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Carta de Saudade III #



Olá minha grande estrela,

Hoje ganhei coragem para te escrever. Já alguns dias que o planeava, desde aquele sonho, mas a falta de palavras e coragem bloquearam as minhas mãos de todas as vezes que o tentava e, sem querer dava por mim focada nas teclas sem as tocar. Até mesmo agora estou com receio... Receio de esta carta não chegar até ti, receio de não conseguir explicar-te da melhor forma como me sinto. Mas... Não preciso de escrever, pois não? Tu sabe-lo sempre, quando estou bem ou mal... Quando preciso de ti. Sempre soubeste.
Durante estes 14 anos desejei todos os dias que voltasses para mim, para que regressássemos às nossas conversas de olhares inocentes e doces, às nossas brigas engraçadas, às nossas brincadeiras. Desejei poder ouvir-te de novo, relembrar a tua voz que se foi perdendo sem controlo no espaço e no tempo sem eu poder evitar. Ah, e eu pedi várias vezes, bem baixinho, que o presente deixasse de ser banhado em memórias passadas para ser recheado de momentos vivos. Momentos presentes ... 
No meio de todos os desejos, só te quis a ti, em carne e osso, ao meu lado. Queria sentir o teu abraço, entendes? Oh, esse sempre foi o primeiro da minha lista de desejos desde o dia em que partiste. O primeiro... E foi por isso que escrevi esta carta. Não para te pedir um abraço, mas para te agradecer por mo teres dado. Para te agradecer por me teres visitado e o teres realizado no melhor sonho da minha vida. Não foi um sonho qualquer, não estava apenas a dormir. Eu estava contigo. Sei o que vi. Sei o que senti. Eu vi-te, eu ouvi-te, eu abracei-te. Foi único. E Sabes? Agora já me lembro de novo da tua voz! Isso é impossível num sonho normal? É, não é? Sei que sim. Sei que foi real. Tenho a certeza. 
Gostava tanto de te conseguir explicar como me senti, a sensação de todas aquelas borboletas e andorinhas no meu estômago, o cheiro habitual da tua camisa, mas é tão difícil. Não consigo sequer parar de o recordar:
- Podes dar-me um abraço? - Disse-te timidamente.
- Claro que sim pequena!- respondeste passado alguns segundos, exactamente com a aquela expressão sincera e brilhante que costumavas fazer. Oh, ainda te ouço a dizê-lo. Ouço-te.
Não hesitamos em nos abraçar. Sinceramente? Foi o melhor abraço que alguma vez recebi. Melhor até que todos aqueles que já me deste até aos 4 anos e, não me importa se foi num sonho. Para muitos até pode parecer absurdo, mas para mim não. Aliás, para nós. Tu entendes-me.

Agora já não tenho mais saudades tuas. Não porque já não me fazes falta, mas porque estás todos os dias comigo. Afinal tinham razão quando disseram que eu tinha um anjo da guarda. Quando me sussurraram ao ouvido ''ele está contigo''. Foste-o tu, a toda a hora, todos os dias. Desculpa se algum dia desconfiei, se num dia de desespero pus em causa a tua presença. Não fiz por mal... Juro. Era somente a revolta a falar, a necessidade dos teus conselhos, dos teus mimos. Nesses momentos quase que ia usando as saudades que sentia contra mim. Não o fiz. Foste tu que não me deixaste? Se foste, obrigada por isso.  Obrigada por tudo. Obrigada por sempre! 
Olha, so mais uma coisa... Prometo-te que nunca te vou deixar, sim? Vou estar sempre contigo, tal e qual tu fizeste. Tal como continuas a fazer. Sempre.

Com amor,
 a tua pequena princesa.

3 comentários:

Ceci García Moyano disse...

Hermosísima carta, me emocionaste. Se nota que tuviste un muy buen papá, y te aseguro que te sigue cuidando desde donde está.
Perdón por comentar en español, espero que puedas entender, pero en verdad me gustó muchísimo tu blog. Te sigo y voy a venir seguido.
Un abrazo enorme!

fil disse...

Oh, perfeito está o teu! Que bem que escreves. Segui-te!

Phi disse...

Gostei bastante, sigo :)