domingo, 26 de janeiro de 2014

O Segredo de Mel 17#


Estão mais de 20 peças de roupa em cima da cama e Mel desesperada a percorrer todos os cantos do quarto, enquanto a observa com uma expressão terrivelmente preocupada. Apesar da loucura dos saldos do dia anterior e, ter comprado meia dúzia de roupa nova - exactamente a pensar no novo cargo - sentia que não ia conseguir estar à altura com nenhuma daquelas peças. Não estava habituada a ir às compras, muito menos para as ocasiões que iam passar a ser o seu dia a dia, a rotina. Era óbvio que estava feliz, estava radiante e ainda mal conseguia acreditar que daqui a uma hora estaria a conhecer as instalações extraordinariamente grandes daquela empresa. Era um sonho prestes a tornar-se real.   
Melissa queria ser simples, não desejava nada de extravagancias, mas queria manter-se sempre bem vestida. Não sabia era como fazê-lo. Tinha medo de fazer as escolhas erradas e ser julgada, ou olhada de soslaio. 
- Sou demasiado insegura. - pensou.
Talvez optasse por seguir o instinto, seria melhor assim já que é  o que está mais habituada a fazer por ser somente a pessoa mais indecisa do mundo...
Olhou por uma ultima vez para as peças e num movimento estranhamente convicto, pegou na saia plissada preta e na camisola de malha de manga comprida às riscas pretas e bege. Apressou-se então a vestir-se, não queria chegar atrasada e ainda queria beber o seu maravilhoso chá de camomila com calma, tal como as boas maneiras mandam. 
- As boas maneiras de Mel! - Sorriu.
Estava pronta, a saia assentava como uma luva, ficava pouco mais acima do joelho e os tons alternados da camisola encaixavam na perfeição. Ainda como adereço escolhera um colar de pérolas que a mãe lhe dera no aniversário. Parecia apropriado e certamente até lhe daria sorte. Quem sabe?
Encostada agora ao balcão da cozinha, bebe o seu chá bem devagarinho enquanto se perde a pensar em toda aquela realidade que a espera. Não nega que está curiosa e muito menos que está nervosa, uma autentica pilha de nervos... Só mesmo as melhores ou as piores coisas do universo para terem a capacidade de a pôr assim. Arrisco-me a dizer que tirando essas exceções é impossível.
Despertou dos pensamentos, olhou para o relógio, faltavam agora 23 minutos. Colocou rapidamente a chávena dentro da maquina, retocou o gloss enquanto fazia caretas de modelo -Sentia-se uma criança quando calça os sapatos de tacão gigantes da mãe pela primeira vez e borrata a cara de batom - vestiu o casaco e estava pronta a sair. Já na porta de saída Mel dirigiu-se para o seu fiel companheiro dizendo:
- Deseja-me sorte Faísca!

2 comentários:

Ísis disse...

Já tinha saudades de te ler. Lindo, como sempre :)

Ísis disse...

r: Muito obrigada querida.