O Segredo de Mel 21#

Era de novo segunda feira, o fim de semana tinha passado a voar. Tinha-o desfrutado no sofá na ''pachorrice'' com faísca e, talvez por isso tenha parecido quase nem ter existido. Bem, o certo é que felizmente ou infelizmente estaria daqui a cerca de 20 minutos sentada à secretaria com quilos e centenas de papelada para a semana inteira... Lá teria que ser.

Enquanto caminhava para o seu tão querido martírio pensava no sucedido na sexta passada. Não pensara nisso durante o fim de semana, tentara somente descansar nesses dois dias, esvaziar a cabeça e estar ali no sofá feita um autentico vegetal. Adorava fazê-lo. Por vezes essa sensação era ótima, principalmente quando se anda sempre numa ''fona'' para trás e para a frente e de olhos postos num ecrã durante horas a fio. Sabia o porquê da implicância de Miguel, só não sabia  porquê de exagerar tanto. Falava de Mel como se não fosse trabalhadora e empenhada, como se não se esforçasse sequer. A verdade é que mesmo que não mexesse uma palha e fizesse pouco, Melissa faria sempre mais que ele, que só se limitava a jogar solitário e a apostar nas damas. Ah, solitário, não é? Dessa não se ia esquecer tão cedo. Aliás, ele que ousasse sequer chama-la a atenção ou referir alguma incompetência relativamente ao seu trabalho sem razões validas. Se o fizer vai vê-la mais cínica que nunca e, muito provavelmente vai ouvir uma resposta que não gosta. Nunca pensou que se iriam dar tão mal ou que a fosse olhar como inimiga. Importava-se. Não com ele, mas com a situação. Não queria importar-se porque o odiava, odiava-o mais do que odiava faísca quando estragava as cortinas.  

Ser enervante é o que ele é!