sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O Segredo de Mel 24#


Naquele dia também Miguel chegara com uma estranha e alegre sensação a casa. Para dizer a verdade já em dias passados tinha chegado com um sentimento semelhante, um pouco mais de satisfação, digo satisfação porque era o que dar cabo do juízo da Melissa lhe proporcionava. Não sabia porquê, mas o facto de a ver tremendamente irritada agradava-lhe. Agradava-lhe também o esforço que ela fazia para tentar ouvir discretamente as conversas que tinha com os amigos. "Tentava", repito. Notava-se, pois encostava-se ao máximo na cadeira enquanto bebia o seu café com uma das mãos e passava a outra pelas madeixas do cabelo numa tentativa de disfarçar. Ser discreta não era de todo o seu forte e talvez por essa mesma razão Miguel passara a falar mais alto. "Para que ela possa ouvir melhor o que falamos dela (mal claro), sem que se esforce. "- pensou. 
Mel... Mas que raio tinha aquela rapariga para lhe despertar interesse? Não podia dizer que a curiosidade que sentia por ela era igual às restantes raparigas, muito longe disso. Normalmente, nem costumava sentir curiosidade por nenhuma delas. Pelo menos das que namoriscava, não. Essas falavam demais, ouviam de menos e só queriam ter conversas fúteis, cheias de interesse e de má vontade. A verdade é que também nunca procurara por melhor, por alguém diferente e único com quem pudesse assumir algo sério. Tinha pavor a relações amorosas sérias, sabia-o. Tinha medo de se apaixonar, de ficar encantado e envolvido numa vontade louca de ser feliz. Tinha medo, porque se a encontra-se não a ia querer perder. Não podia perder alguém que amava novamente... Mas e se perdesse? se a perdesse ia tornar-se num poço de amargura, num homem frio e sem sentimentos tal como seu pai quando perdera a mulher, mãe de Miguel. Não quero ser como ele. - desabafou.
Mel...  Ela não se parecia nada às outras, ela era uma mulher com garra mas com um toque doce ao mesmo tempo. Havia algo nela de misterioso que não sabia explicar, mas que conseguira vislumbrar nos seus olhos logo no primeiro dia em que chegara na empresa... Um misto de tristeza com esperança, como se vivesse num medo constante ou algo a perturbasse, como se tivesse um segredo. Teria ela um segredo? E se tivesse, o que seria? Não conseguia imaginar, mas sentia curiosidade e uma vontade louca de a conhecer melhor. 

4 comentários:

Unknown disse...

Obrigado (: gosto muito dos teus textos (:

Cláudia S. Reis disse...

Isto vai dar caldinho!! Estou curiosa para ver como a relação deles vai avançar...

Teresa Isabel Silva disse...

Adorei o teu texto, além disso vejo muita verdade nesse texto!

Bjxxx

Ísis disse...

Mais um texto fantástico. Que dizer? É maravilhosa a forma como escreves.