segunda-feira, 27 de julho de 2015

Quando o tempo não cura


O tempo parece não curar. Todos os medos parecem vir à tona numa mera lembrança, pondo em causa toda a confiança construída durante anos. A fortaleza e os seus guerreiros muros parecem desabar. A alma fica descoberta. Despida. Tudo pára. Tudo vai. O corpo fica, quieto, atado sem corda. Oh e a voz fica silenciada, as palavras evaporam. Nada parece ter controlo. Tudo perde o sentido por instantes.  
Ah, e o cheiro da maresia não parece atenuar mais o ritmo triste do coração, o tão singelo vento não parece levar as dores. As confissões da alma permanecem algures entre o cruzamento das ondas, e o sussurrar dos aromas parece não amparar mais os seus passos. O céu fica negro, a esperança é consumida pelas trevas. A alma vai, a alma vem. A praia fica fria e o coração gela. Quando o tempo não cura a alma fica descoberta. Despida. Tudo pára. Tudo vai.

2 comentários:

Ísis disse...

Este texto é tudo o que sinto.

Cláudia S. Reis disse...

Quando o tempo não cura significa que ainda não passou o tempo suficiente.