quinta-feira, 7 de abril de 2016

A corrente


A corrente está a leva-la como se de um misero pedacinho de areia se tratasse... Um pedacinho de areia por entre milhões de outros que, tal com ela, são levados. Milhões que são puxados pela mesma corrente, sem se questionar ''porquê?'', sem perguntar ''como?'' ou ''eu quero ir?''. E todos estes grãos vão, porque sim; Porque é para ir por ali; Porque todos vão por ali; Porque o caminho correto é por onde a corrente vai; Porque tem de ser.
Poucos são os grãos corajosos, que se tornam pesados o suficiente para parar a meio, que se enchem de coragem para virar costas à corrente. E porquê? Talvez porque no seu intimo a sua vontade fosse seguir o trajeto ''não-padrão'', mas têm medo. Pelo caminho, esses grãos corajosos têm varias dificuldades. A corrente é forte assim como o peso das opiniões circundantes. As opiniões contrárias deixam-nos débeis, amedrontados, porque o enfrentar da corrente leva-nos a locais desconhecidos e, talvez, mais complexos. Aí surge o medo de arriscar. Metade dos corajosos desistem, soltam-se e deixam-se levar. A outra metade continua a lutar. 
No fundo a vida acaba por ser um pouco assim. Nós somos os grãos. O rio é a vida. A corrente é a ''sociedade-padrão''. Cabe-nos decidir se queremos ir ''por ir'', ou então ir com um motivo. Ir porque algo nos desafia a alma, porque algo nos desperta os sentidos, nos acelera o coração, mesmo que seja por entre as rajadas do curso de agua, mesmo por entre palavras que magoam.
Oh, mas não é bem mais bonito navegar quando temos motivos?

4 comentários:

samedi disse...

Tão bom ler-te!

Ísis disse...

Obrigada pelo prazer de te ler... É maravilhoso o que escreves querida.

C. disse...

tao lindo :)

Ísis disse...

Espero que estejas bem querida. Um beijinho grande.