sábado, 9 de junho de 2012

A ponte



E de algum sitio não muito perto, está uma multidão a observar uma ponte. Uns estão mais proximos, outros mais longe. E deles, há quem se aproxime pelo que vê e quem fuja pelo mesmo motivo, quem se avizinhe por curiosidade e quem escape por medo. Digamos que é uma ponte bastante firme pelo que diz a multidão ao mesmo tempo que acrescenta convictamente ''tem uma estrutura de aço, aguenta-se bem, tenho a certeza!''. Ah, têm sempre tanta certeza do que dizem! Voçês, engenheiros de estruturas nunca querem saber do que está escondido, do que não se vê por dentro de uma liga de aço, por dentro de uma estrutura fria de metal e uma aparência firme. E é por isto, por tudo isto que eu digo que voçês representam esta população influenciada por opiniões e convencida pelo que tão rapidamente observa. Acordem, por favor nem tudo se limita a uma mera vista de olhos. Ainda existem coisas que não se analisam, coisas da qual não é possivel tirar apontamentos. Vá, por favor tirem esse capacete de ridiculo e não julguem tudo, não se sinjam aos 5 sentidos, não se tornem vulgares, inúteis.
Não, não é firme, não não é de aço. É forte mas não inquebrável. Sim ela pode cair. E duvido acima de tudo! Duvido que alguém queira atravessar de uma margem para a outra, dúvido que alguém queira passar para o lado desconhecido sem medo. Dúvido que haja coragem algures por aí no mundo para chegar ao fim sem um arranhão que seja e com orgulho, sem cair num daqueles buracos que inundam aquele chão de madeira comido. Duvido que não virem costas no primeiro abalar daquele piso frágil. Dúvido severemente. Mas mais que tudo dúvido profundamente que alguém consiga decorar os defeitos dela sem se importar, e que esse alguem se orgulhe de ter chegado ao outro lado sem se contrapor com as ventanias por que passou, sem se queixar das guerras que o atacaram, as farpas que o feriram. E que após todo aquele percurso obscuro e confuso seja ainda capaz de dizer '' o mais belo que já vi''.

5 comentários:

Nina disse...

Gosto da ponte como um ritual de passagem. E definitivo. A ponte se fecha quando estamos do outro lado. O que não tem volta, porém, também é o certo.
Sou uma leitora brasileira encantada por Portugal. E voltarei aqui. Abraços!

Anónimo disse...

Obrigada pela força minha linda, mas já está tudo bem :)
adoro imenso o teu novo texto, parabéns, tens muito talento!

mary disse...

fico contente por teres gostado querida, obrigada (:

EBA ☮ disse...

Oh, obrigada *-* Tu também *

mary disse...

tenho pois (: