quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Para bom entendedor, meia palavra....


Que há-de dizer a  minha alma quando ela não tem nada para falar? Que hei-de dizer eu ao mundo se pouco o nada tenho para contar? Demais a mudar, nada a dizer. Nada a perder, tanto por fazer. Chega! Vou soltar as palavras. - Ela di-lo a toda a hora, mas ninguém a ouve. O tom com que as solta é demasiado baixo e o soletrar rasteiro que usa não ajuda à percepção dos sentidos. Ela soletra cada uma das silabas como se estivesse a acolhe-las e ao mesmo tempo a solta-las, a agarra-las e a abandona-las. No fundo a prepara-las para o mundo com um certo receio. A prepara-las para a longa caminhada por entre surdos bons entendedores, ouvintes maus interpretadores, por de tudo um pouco. É então que após a despedida e passado algum tempo apercebe-se que em metade dos caminhos percorridos, as frases já se perderam, metade da mensagem foi alterada, metade foi imcompreendido, deitado ao lixo. Oh, por isso é que não as queria soltar, agora compreendo-a. Não se queria desiludir pelas más interpretações e julgamentos. Afinal metade do pouco que disse de nada valeu... Mas... e a outra metade? A outra foi feliz, já sem o contexto e ideia inicial, já sem impulso do incentivo, sem apoio do vento. Sem nada, fez tudo. Ou melhor, fizeram dela tudo. Felizmente chegaram aos mudos entendedores. -  e sabem? Eles interiorizaram-na. Sentiram a sua frescura como se as palavras fossem manhã, compreenderam a sua essência como se fossem a tarde, despediram-se calmamente como se fossem a noite. Com metade da mensagem construíram um mundo. Os mudos entendedores não precisavam mesmo de dizer nada, para mim bastou terem-nas ouvido, terem entendido, mesmo que a mensagem fosse metade, ''meia palavra''. Sabem? Agora já percebo. Afinal é mesmo verdade que para bom entendedor, meia palavra basta!

3 comentários:

daniela fernandes disse...

é bem verdd :)
oh, eu gosto tanto dos trabalhos do Olafur *

joana disse...

Tens um selo no meu blog! :)*

claire disse...

infelizmente é verdade. por vezes empurra-nos, outras faz exatamente o contrário