quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Segredo de Mel 5#

 
Durante o primeiro ano após o sucedido a mãe tinha sido o maior apoio, fazia-lhe surpresas ao jantar, dava-lhe prendas fora de datas especiais e até a chegou a levar ao zoomarine para interagir com golfinhos que por acaso era um dos seus maiores sonhos. Faziam tudo juntas como ir às compras, ao cinema, ao cabeleireiro e pareciam irmãs. Evoluiu bastante com tudo aquilo e sabia que se não fosse ela a esta hora parecia uma espécie de zombie sem rumo definido, sem objetivos de vida. Talvez tivesse mesmo ficado naquele quarto a definhar aos poucos como desejou se não a tivesse arrancado de lá naquele dia. Ainda bem que o fez. Claro que com o tempo a Melissa se foi tornando mais independente e mais segura de si, especialmente na faculdade. Evoluiu bastante naqueles 5 anos. Aprendeu que havia muito que tinha de se engolir para não haver problemas, que tinha de manter-se firme para não ser pisada e que que paciência era a palavra chave para quase tudo. Naqueles anos arranjou também amigos para vida, tanto raparigas como rapazes e digamos que no fim do curso foi uma choradeira tão mas tão grande que quem os visse julgava que nunca mais se iriam ver. Ninguém se queria separar como era óbvio, e por isso nos primeiros meses saiam várias vezes juntos, iam ao café, ou a umas discotecas e bares. Naquelas saídas, especialmente nas conversas de café quase sempre vinha a piada do ''já arranjaste namorado mel? Ui ouvi dizer que sim!''. Começava tudo a rir-se e já não levava a mal porque sabia como eles eram, se fosse por maldade iria perceber. Apesar de não admitir, incomodava-a um pouco a ideia de todos terem saído da faculdade em casalinhos e ela sair apenas de mãos dadas com o seu diploma de 18 valores. Não que não estivesse feliz, mas sentia que todos viviam um lado que ela não era capaz de viver, todos sabiam o que era ''amor'' menos ela. Incomodava-a, mesmo sabendo o que era amor familiar. Mas daquele... Oh, daquele nem por sombras. E não era de facto por falta de oportunidades do outro lado, mas sim do dela. Rejeitava ramos de flores, não retribuía os sorrisos interesseiros, nada. Não dava chance, ou melhor, dera apenas uma vez mas quando se apercebeu que o rapaz queria beija-la só se lembrou de levantar, virar costas e ir embora. Não queria que a chateassem.  
No entanto até à faculdade mel tinha passado alguma dificuldade na relação com as pessoas, especialmente com rapazes, não queria relações próximas e por isso evitava confianças. Não suportava que falassem com ela e quando o faziam tentava fazer um enorme esforço para não ser mal educada. As amigas perguntavam-lhe várias vezes o porquê de responder daquela maneira ou de não querer ter namorado e ela respondia sempre num tom sério ''Não adianta explicar. Aliás prefiro me concentrar nos estudos''. Não que se agarra-se realmente aos livros, porque no secundário era um pouco baldas, mas porque lhe parecia a resposta mais apropriada para não dar aso a discussões.

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