terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Segredo de Mel 18#


São 9 horas em ponto e Mel está na recepção da empresa tal como o devido, enquanto espera que alguém a oriente para onde ir ou provavelmente a apresente às instalações. Está nervosa  como se fosse um pedaço de milho prestes a explodir no fogão. Está inquieta, e os olhares curiosos não estão decididamente a ajudar grande coisa. Oh, sente-se com medo, tal e qual uma menina no seu primeiro dia de aulas na primária. Incrível como sensações tão ''chiché'' como estas podem surgir nas situações menos esperadas e tão mas tão distintas.
De súbito aparece um senhor que aparenta os seus 50 anos, não muito alto, com cabelo grisalho e todo engravatado que se dirigiu em direcção a Mel sorrindo.
- Melissa Carvalho? - disse o Director.
- A própria! - respondeu ainda um pouco perplexa com a situação.
- Prazer em conhecê-la! Teremos um enorme gosto em trabalhar consigo. - Estendeu a mão satisfeito.
- Ora essa, o gosto será todo meu. - Respondeu estendendo também a mão enquanto esboçava um grande sorriso.
Entretanto, o senhor engravatado levou-a a dar uma volta por aquele maravilhoso mundo (maravilhoso é até pouco para descreve-lo) de forma, a se pôr a par de todas os ramos de trabalho naquele local. Conheceu o pessoal que lá trabalhava, todos muito simpáticos e atenciosos e que passavam o tempo todo a coxixar quando passava também. Digamos que já tinha entrado, sem exagero, 7 vezes no elevador para ir para o andar seguinte, só para imaginarem a monstruosidade do edifício. Já tinha enjoado tanto mas tanto andar nele, que certamente nos dias seguintes optaria pelas escadas.
Chegava agora ao 8 piso e mal o elevador abrira, um amontoado de olhares se focaram em Mel, muito mais que nos outros andares. Talvez por ser naquele piso e com todos eles que iria trabalhar, não sabe. Só sabe que sentiu as bochechas a arderem como nunca. Respira Melissa, respira! Mantém a calma. Continuou - mesmo apesar de com o dobro do nervosismo - a seguir o Director que a direccionava para um gabinete vidrado.  Não estava a perceber. Mesmo antes de entrar no gabinete, o excelentíssimo recebe uma chamada.
- Peço desculpa, só um momento. Esteja à vontade! - Disse atrapalhado.
- Não tem problema. - respondeu hesitante.
Enquanto falava ao telemóvel, mel decidiu olhar em seu redor, para todo aquele enredo de chamadas e computadores, para toda aquele gente que tinha feito uma pausa para saber quem afinal era ela. Ah, que vergonha! Aproveitou também para andar uns quantos metros e reparou que a única pessoa que não olhava para ela, era um rapaz que teria mais ou menos a sua idade. Estava concentradíssimo, provavelmente seria novo ali,  tal como ela.
Com uma coragem vinda não sei de onde e, como quem não quer a coisa  aproximou-se discretamente para ver o que fazia. Bem, quando estava mesmo atrás da sua secretaria, deparou-se com um hilariante jogo de solitário no seu computador. Não podia deixar de ter vontade de se rir, mesmo não podendo. Tinha demasiada graça. Quando estava prestes a começar a rir-se o rapaz voltou-se para ela. Mel sorriu timidamente e ele um quanto engasgado com a situação retribuiu o sorriso, parecendo sentir-se ridículo.
Por entre aquele momento constrangedor para ambos ouve-se uma voz de perto dos gabinetes vidrados.O director está a chamar-me, é melhor ir...

5 comentários:

claire disse...

muito obrigada,sabe sempre bem ouvir isso!!:) e gosto bastante disto por aqui

DE-PROPOSITO disse...

Que a felicidade esteja por aí.
Manuel

DE-PROPOSITO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joana disse...

estou a gostar bastante de ler :)

Cláudia S. Reis disse...

Estou cada vez mais curiosa! Aposto que a partir de agora a Melissa vai tornar-se muito mais confiante!