sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Silêncio para a alma


Tudo que é de mais é exagero... - suspirou sentada no muro, de olhos cravejados na cidade enquanto os seus cabelos dançavam com o sopro do vento. Palavras a mais, ruídos a mais e confusão... Silêncio. Precisava de silêncio no meio de tanto barulho.
-Olha, lá ao fundo, consegues ver alguma coisa? 
-Sim, consigo ver uma multidão cheia de nada, uma população vazia de tudo. 

Silêncio. Silêncio para a  alma por favor.
Oh e tantas sorrisos sumidos e olhares perdidos que por ali vão... E por momentos o seu olhar se junta aos restantes. Apenas ''mais um'' no meio de tantos outros. Fechou os olhos. Por vezes fechar os olhos é a melhor solução. Sabe que se os fechar não serão ''mais uns olhos'' porque não os verão e assim não os poderão julgar. Às vezes sabe bem fecha-los, mesmo que se goste muito de olhar o mundo. Faz-lhe bem porque dentro de si consegue ver a verdade fora da maldade exterior.
- Quem disse que de olhos fechados não se via só podia ser um louco. - Concluiu.

Nos tempos que correm só pode contar consigo... Afinal o que é que o restante lhe pode dar? Falsidade e egoísmo? Oh e nada melhor pode definir a nossa sociedade do que estas duas palavras. E os bem sucedidos a rirem-se dos mal sucedidos, e os sortudos a rirem-se dos azarados, os inteligentes a rirem-se daqueles que têm mais dificuldades e os ricos a rirem-se dos pobres... E nenhum deles a tentar ajudar o próximo. O que é ajudar  próximo nos dias que correm? Silêncio.
Sentiu de novo uma brisa a levar-lhe as madeixas para longe de si enquanto se ''ouviu'' um silencio profundo. Abriu os olhos.
- Quem disse que não se pode ouvir o que não se ouve só podia ser louco.

2 comentários:

Anónimo disse...

Amo-te
19

Cláudia S. Reis disse...

Este teu texto deixou-me a pensar! Muito profundo...