quinta-feira, 3 de março de 2016

Plenitude


O interior morno contradizia a frieza do que a rodeava e as palavras pensadas não expressavam o que lhe ia na alma. Naquela viagem que era a vida olhava pelo vidraça quase como instantaneamente sem olhar, via o mundo sem ver. Conseguia sentir plenamente, como se cada partícula de si senti-se todos os movimentos, cada colisão, cada raio, cada chilrear, cada brisa. Como se cada átomo seu sorrisse ao mundo.
Fechou os olhos e suspirou.
Voltou a olhar o horizonte.
Sorriu de mansinho.
Ele era o motivo do aconchego que sentia, ele era o motivo da sua interpretação de bondade, da sua forma alegre de ver a vida, da sua forma tímida de interpretar o que era mau. Ele era a definição de amor que buscara, que outrora deixara de acreditar. Ele era ele. Somente ele em toda a sua essência. Somente dela em toda a sua plenitude.
Eram uma conexão criada pelo universo, talvez separada por eras e reunida pelo destino. Eram um. Uma melodia sem letra, mas bonita de se ouvir. Uma composição de amor. Uma liberdade que agarrava. Oh, e era tão bom estar agarrada. Sentir o calor da ternura bem chegado ao coração.
Voltou a olhar o horizonte, agora com olhos de ver.
Ele é o seu maior motivo.
A plenitude.

1 comentário:

Cláudia S. Reis disse...

E que belo texto, pleno de amor! Lindo :)