segunda-feira, 13 de junho de 2016

Coração Salgado #2


Quando o sono é vazio, as manhãs são mais leves... Oh, e quando o sono é vazio a recordação não teima em assombrar a memória. Quando o sono é vazio o corpo levanta e segue sem lembrar aquilo que não deve ser lembrado. E quando o sono não é silenciado? Aí o corpo lembra e acorda aquilo que normalmente se tenta manter adormecido. Acordas para o vazio, ironicamente embalada dentro de um sonho de escuridão. O sangue torna-se veneno, a alma amargurada, o corpo pesado, o dia sem sentido.
Quando os sonos não são vazios, as manhãs são dolorosas. Quando os sonos não são vazios a recordação estremece a alma e o sono é sonhado naquilo que faz doer... O vocabulário some, a expressão torna-se confusa, os movimentos imobilizados e o nó na garganta teima em não deixar respirar. Quando os sonos não são vazios os silêncios tornam-se infinitos.

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