domingo, 11 de março de 2018

Contos de uma raposa #2



Atravessas por entre um ninho de maldade julgando tudo de inocência cravada nos olhos. Coração brando, alma despreocupada - que de onde há escuridão vê luz, onde há frieza vê chama. São esses os olhos de quem acredita no bem. São esses os olhos que acreditam na harmonia da assimetria. Talvez olhos distantes da realidade. Olhos que não temem, mas que temeram outrora.
Eles observam-te. Acham-te louca por assim os atravessares. Riem-se. Mas tu vais. Carregas garra nas mãos, intensidade nos passos. Sabes que não interessa o que digam desde que tu saibas para onde vais. Sabes que não interessa o que falem porque eles não sabem o que tu sabes, não pensam o que tu pensas e, talvez, não tenham visto o que tu viste. Pelo menos não da mesma forma que tu.
Atravessas por entre um ninho de maldade julgando tudo de inocência cravada nos olhos. Coração brando, alma despreocupada. E são esses olhos que mais do que no destino, acreditam no percurso. Pois é nele onde mostramos quem realmente somos.
Eles observam-te. Acham-te louca por assim os atravessares. Riem-se da tua inocência. Mas tu vais. 
Ah, mal eles sabem que por detrás de uma aparência inocente existe sempre uma alma misteriosa e mil e uma histórias para contar.
Photo by: Katerina Plotniknova 

1 comentário:

Cláudia S. Reis disse...

Pode não parecer mas ver o mundo com inocência é o que nos salva da loucura.