segunda-feira, 26 de março de 2018

Quão bonita pode ser a loucura em nós?


Chegaste, com uma tranquilidade inquietante cravada no olhar. Como um oceano contagiante que se impregna nas palavras - ou nos silêncios. Seria extravagante dizer que o oceano em nós foi o que nos trouxe aqui. Mas foi. 
Chegaste, com uma tranquilidade inquietante cravada no olhar. Mas antes disso eu caminhava em piso firme. Talvez não atravessasse ponte alguma com medo de cair. Não levantasse os olhos do soalho, do asfalto, da calçada. Então chamas-te por mim para caminhar na corda bamba. Foi então que aprendi que a vida vale a pena pelo risco. Quão bonito pode ser o perigo em nós?
Chegaste, com uma tranquilidade inquietante cravada no olhar.  E a minha alma sempre de mãos dadas com o colapso. Com o caos. Seria inusitado dizer que a desordem foi o que nos trouxe aqui. Mas foi. Então pegaste na minha mão e aprendemos a colapsar juntos. Quão bonito pode ser o caos em nós?
Chegaste, com uma tranquilidade inquietante cravada no olhar. Deste-me o mapa e disseste para escolher a destino. Apontei de olhos fechados e sorri-te. Contigo aprendi que as minhas estradas preferidas são aquelas que nos levam para junto um do outro - que o encanto da vida não está nas respostas, mas na forma como as encontramos e na forma como as damos.
Chegaste, com uma tranquilidade inquietante cravada no olhar. E bastou pousares os olhos em mim. Confesso. Seria louco dizer que de todo o caos que conheci tu és o meu preferido? Mas és. Quão bonita pode ser a loucura em nós?

1 comentário:

Coquinhas disse...

Uau. Que texto maravilhoso